CGMEB REGIONAL ARARAQUARA-SP

4. Observações sobre o sermão

5. O Sermão

6. Conselhos Práticos no Preparo da Mensagem

Bibliografia

tx homiletica

4.  Observações Sobre o Sermão

O sermão não é uma mensagem impessoal a seres impessoais, antes é a Palavra de Deus transmitida através de homens a uma determinada comunidade, que vive dentro da concretude histórica de seu tempo.

Na pregação estamos compartilhando a Palavra de Deus com pessoas que participam conosco a mesma fé ou, que são desafiadas a fazê-lo em Cristo. Não podemos fazer de nosso púlpito uma arma para disparar tiros certeiros contra pessoas específicas; antes, transmitimos a Palavra que, pelo Espírito, é poderosa para converter, corrigir, transformar e edificar. E isso é essencial!

A nossa mensagem não se caracteriza pela tentativa de dizer ao povo o que ele quer ouvir, mas sim, em responder as suas indagações espirituais mais profundas que, no conviver diário da fé, podemos auscultar. O sermão deve estar atento às necessidades de nossos ouvintes. Blackwood, resume: “Qualquer que seja o seu método, o homem prudente começará com alguma necessidade humana e tentará ir ao encontro dela com a verdade divina.”

O SERMÃO COMO ALGO PRÁTICO

Como já dissemos anteriormente: Não há nada mais edificante e prático do que a Verdade de Deus! Quando substituímos a pregação da Palavra por algo mais “prático”, estamos rejeitando o método estabelecido por Deus para a conversão e edificação de vidas. “A pregação (…) não é um exercício de oratória para o pregador, mas um elemento essencial no crescimento espiritual do Corpo de Cristo”, afirma MacArthur.

O escritor da Epístola aos Hebreus declara que “…A Palavra de Deus é viva e eficaz” (Hb 4.12). Ela não é uma verdade morta, que desperta curiosidade apenas por fazer parte do ossuário, das relíquias, da arqueologia ou da historiografia, sendo estudada unicamente como um exercício de reflexão histórica para a nossa mera curiosidade, ou, quem sabe, para entendermos como viviam os povos na Antiguidade… Não, a Palavra de Deus é uma verdade viva, que tem a mesma vivacidade de quando foi revelada por Deus aos seus servos, que a registraram inspirados pelo Espirito Santo. Ela continua com a mesma eficácia para os questionamentos existenciais do homem moderno. Muitas vezes, o problema de nós, homens dos séculos XX-XXI, e até mesmo para muitos de nós cristãos, e digo isso com pesar, é que amiúde, sem percebermos, trocamos os preceitos da Bíblia por conselhos de revistas, por modismos veiculados pelos meios de comunicação, pelo modus vivendi e faciendi contemporâneos; substituímos a Bíblia pela psicologia, filosofia, sociologia, antropologia e até mesmo, astrologia, colocando-as como o nosso parâmetro de comportamento, em detrimento da inerrante, infalível Palavra de Deus, que é a verdade verdadeira, viva e eficaz de Deus para nós. Isto tudo nós fazemos, em nome de uma suposta “prática”, esquecendo-nos de que toda e cada parte do ensino bíblico é urgente e necessariamente de prática, relevante para nós.

Quando adotada esta “prática” destoante das Escrituras, cometemos uma total inversão de valores. Assimilamos os conceitos humanos que, quando corretos, nada acrescentam a Palavra, mas que, na realidade, na maioria das vezes, estão totalmente equivocados, porque desconhecem a dimensão do eterno, os valores celestiais para a nossa vida aqui e agora e, por isso mesmo, apresentam ensinamentos mundanos, frutos de uma geração corrompida. Tais conceitos assumem na vida da Igreja um papel orientador!

A Igreja, ao contrário disso, é chamada a ser uma antítese ativa contra os valores deste século; ela é convocada a viver a Palavra, a considerá-la como de fato é, a Palavra infalivelmente viva e eficaz para a nossa vida – A Palavra final de Deus para a nossa existência terrena.

A Bíblia não é um livro teórico, com regras ultrapassadas, circunscritas a épocas e culturas; antes, ela é um livro prático, que traz princípios preventivos e profiláticos para todos os problemas antigos, modernos e futuros. O problema é que, na história da humanidade, nenhum povo observou fielmente os mandamentos de Deus. Contudo, podemos notar que aqueles que, ainda que por um pouco de tempo da sua história, procuraram moldar a sua prática pela Palavra de Deus, colheram os frutos das promessas divinas, guardados para aqueles que Lhe obedecem.

A Lei de Deus continua sendo o princípio norteador de toda a vida cristã. Deus continua ordenando que nós não adulteremos, não roubemos, não matemos, que honremos os nossos pais, que O adoremos com exclusividade… Por isso é que “entre todas as filosofias de vida, a única que nos orientará seguramente para agradá-Lo tem de ser aquela ensinada na Bíblia. Se queremos ser práticos (e, devemos!), preguemos a Palavra com ardor e fidelidade! Não há nada de que o ser humano mais necessite.

O SERMÃO E SUA MATURAÇÃO

“Todo e qualquer intérprete deve preparar mensagens de maneira inteiramente pessoal.(…) Mas deveria estabelecer uma regra sem exceções: ‘começa, prossegue e termina com oração’.” – A.W. Blackwood.180

Se por um lado não podemos estabelecer uma regra fixa e inflexível para o começo de cada sermão, podemos dizer que todo ele deve passar por um processo de maturação. Sabemos que precisamos orar, estudar e refletir. Acompanhando tudo isso, necessitamos de horas e dias o que na realidade muitas vezes nos faltam. A questão não é simplesmente gastar horas com o sermão, o que sem dúvida é fundamental, mas, se possível, começar a prepará-lo com antecedência, ainda que nos primeiros momentos não possamos gastar muito tempo em seu preparo. A ideia é de conservar as ideias em nossa mente e coração; dormir e acordar, tomar café, trabalhar, almoçar e jantar, e nesta rotina cotidiana, deixar com que novas ideias fluam, apareçam… E como prática, tudo anotar, não deixar escapar nada. As ideias vão aflorando, muitas vezes, enquanto conversamos sobre o que estamos estudando, lendo um jornal, revista, andando de ônibus, dirigindo, enfim; vivendo o nosso dia a dia.

Neste processo, vamos lendo várias vezes o texto bíblico e anotando tudo que nos ocorrer, as conclusões que chegarmos, as dúvidas, as perguntas, as conexões com outras passagens bíblicas… O que precisamos ter em mente é, que ainda que aconteça algumas vezes, nem sempre o sermão nos chega com tanta clareza de modo imediato. Muitas vezes e, diria mais, na maioria das vezes, ele nos chega depois de amplo estudo, reflexão e oração.

Mas, afinal, alguém pode estar pensando: quanto tempo precisaríamos para fazer tudo isso? Às vezes meses ou anos… No entanto, a questão está ligada à tentativa de se estabelecer um método de elaboração que por sinal não será adequado todas as vezes. Mas, o que podemos fazer, por exemplo, se pregamos dominicalmente?

Bem, um princípio que pode ser útil, é começar a preparar o sermão no domingo anterior à noite, quando voltamos da igreja. Façamos o seguinte. Tentemos nos deter em um texto e comecemos a lê-lo e anotar algumas possíveis ideias… Na segunda feira retornemos ao texto e, então, já poderemos perceber a evolução do que percebemos no dia anterior. Fiquemos alguns dias apenas com a leitura do texto e anotações de ideias que nos surjam e de outros textos bíblicos que recordemos. Deixemos que o Espírito nos fale através de uma espécie de maturação inconsciente, afinal os textos foram lidos e as ideias estão em nossas mentes. Depois de uns três dias, quem sabe, recorramos, obviamente sempre na dependência de Deus, aos comentários, dicionários, traduções, etc. Estes homens também foram usados por Deus na compreensão da Sua Palavra. Não tentemos ser independentes pelo simples prazer de sê-lo. Usemos de outros recursos que Deus tem-nos fornecido. Acredito que este pode ser um bom método para começarmos em nossa jornada de pregadores da Palavra.

Em princípio, quanto mais tempo passarmos com o sermão, mais ele nos falará e, também, à igreja. É impossível transmitir com clareza um sermão que ainda esteja confuso em nossas mentes. A vida cristã é integral; a fé cristã tem o que dizer acerca de cada esfera e cada aspecto da vida.(D.M. LLOYD- JONES, Vida No Espírito: No Casamento, no Lar e no Trabalho, p. 111).

A exortação de Baxter (1615-1691) permanece:

“…. preguem para si mesmos o sermão que têm em mente, antes de pregá-lo aos outros. Quando a sua mente tiver prazer nas coisas celestiais, outros o terão também. Então as suas orações, os seus louvores e as suas doutrinas terão celestial dulçor para o seu povo. Este perceberá quando vocês passaram bastante tempo com Deus.”

A Necessidade de um Texto Bíblico. Todo sermão deve ser baseado num texto Bíblico e devemos nos fundamentar nEle. A autoridade da pregação é derivada da Palavra e fomos chamados a pregar a Palavra. Deus opera através da Sua Palavra. A pregação é, em última instância, a repetição das Escrituras. “A pregação (…) tem que ser exclusivamente bíblica.”

Critérios para a Escolha do Texto Bíblico

“Sempre que um texto fizer arder o coração de um homem, pode usá-lo para incendiar outros corações.” – A.W. Blackwood.184

a) Aproveite as Datas Comemorativas e o Calendário Cristão

Conforme estas datas, procure um texto que traga uma mensagem sugestiva para aquela ocasião. No entanto, devemos estar atentos ao fato de que este critério não deve nos tornar cativos nos impedindo de pregar sobre outros assuntos não atinentes às referidas datas. Portanto, aqui temos uma sugestão, não uma obrigatoriedade. Não se prendia ao calendário cristão ou a datas comemorativas como imposição do sermão; simplesmente expõe as Escrituras. Obviamente, não temos também aqui um paradigma obrigatório. Usemos de bom senso.

b) Seja Sensível aos Problemas Atuais

Acidentes, episódios que despertam a atenção pública: Livro muito divulgado, pacotes econômicos, desemprego, Olimpíada, Copa do Mundo, acidente trágico, falecimento de um personagem famoso, grande descoberta. Além disso, costuma prender a atenção do ouvinte quando o pregador cita (lembre-se cita e não torna o assunto principal) um fato do momento e, apresenta uma perspectiva bíblica do assunto ou, ilustra a sua mensagem. Este recurso, muitas vezes, torna a mensagem mais inteligível e interessante a muitos ouvintes.

c) Use Sempre Texto da Bíblia

Isto exclui o uso dos livros apócrifos, hinos ou mesmo bons livros evangélicos, por mais edificantes que sejam. Lembremo-nos que podemos e devemos nos valer de hinos, boa literatura, poesia, ficção, romance, história, etc. No entanto, o sermão parte sempre e invariavelmente das Escrituras.

O termo grego “apócrifo” (a)po / krufoj), foi aplicado aos assuntos que deveriam ser revelados somente aos iniciados, sendo assim “escondido” do povo comum e, também, foi utilizado para se referir aos livros que, embora tivessem alguma semelhança secundária com os Livros Canônicos, não eram aceitos nem reconhecidos como tais. Neste último sentido, acaba-se com a distinção (que consider o apenas técnica, mas não prática) entre os chamados “apócrifos” e “pseudepígrafos” (livros que são atribuídos falsamente a um autor). Apócrifos são portanto, os livros extracanônicos redigidos no período bíblico.

d) Deve Expressar a Palavra de Deus

Toda a Escritura é inspirada por Deus, mas nem tudo o que está na Bíblia expressa a Palavra de Deus. Na Bíblia nós encontramos palavra de homens ímpios e mesmo de Satanás; estes textos isolados não podem servir de base para a nossa prédica (Sl 14.1; 2Rs 18.32-35; Mt 4.8,9).

e) Dê Preferência a textos afirmativos e construtivos

Ao invés de chamarmos a atenção para o negativo, devemos apresentar a relevância da fidelidade, obediência, confiança, etc. Aprendemos mais eficazmente quando meditamos sobre a forma correta de fazer. Todavia, cabe de quando em quando uma variação.

f) Use Preferencialmente um só texto em cada sermão

É preferível usar um único texto do que mais; no entanto, poderá haver casos em que a leitura de dois ou mais textos se fazem necessários para estabelecer um contraste, evidenciar uma aparente contradição, demonstrar o princípio expresso no outro texto, etc. Neste caso não tenha dúvida, leia todos.

g) Use texto que tenha um Sentido Claro

Textos complicados, que apresentam uma série de controvérsias quanto à sua interpretação devem ser evitados (Ex. 1Pe 3.19). O sermão visa edificar, transformar, esclarecer e consolar. Se a nossa pregação trouxer mais confusão na mente dos nossos ouvintes, qual o seu benefício? Todavia há exceções. Se o pregador fica satisfeito por poder explicar um texto obscuro e mostrar que ele ensina uma verdade de valor, deve escolhê-lo (…). Note-se, porém, que enfatizamos a necessidade de torná-la bastante instrutiva e útil.

h) Não evite um texto pelo simples fato dele ser muito conhecido

O fato de um texto ser muito conhecido revela a sua profundidade e beleza. É no uso adequado dos textos mais conhecidos que identificamos os grandes pregadores; pela forma de abordá-los sem cair num lugar comum. Um caminho significativo para lidar com esses textos, e não ficar apenas repetindo coisas já ditas e repetidas, é fazer perguntas ao texto que talvez não sejam tão óbvias. A arte de fazer pergunta pode ser um caminho eficiente para encontrarmos no texto respostas que ali estavam, ainda que de modo não tão evidente.

i) Evite textos muito extensos ou muito curtos

O texto muito extenso pode fazer com que não o exponhamos com clareza dentro do tempo de que dispomos; tomar um texto pequeno, isolado de seu contexto, pode ser uma tentação a simplesmente exercitar a nossa eloquência e não expor a Palavra de Deus. De qualquer forma, pequeno ou grande, o texto deve ser primeiramente entendido dentro do seu contexto próximo e remoto.

j)  Evite alegorias na interpretação do texto

Como temos insistido, a pregação é a repetição da Palavra de Deus à esta comunidade. Portanto, como fiéis pregadores, não podemos alegorizar o texto, dando asas à nossa imaginação, dizendo o que o texto não nos autoriza. O limite das analogias está limitado pelo próprio uso bíblico.

Não tentemos ultrapassar as fronteiras dispostas no texto. Quando tomamos uma figura bíblica e começamos a divagar sobre ela através de detalhes não autorizados pela Escritura, corremos o sério risco de fazer um estudo de botânica, zoologia ou mesmo medicina e não um estudo da Palavra. Sabemos que é extremamente tentador tomar a figura da ovelha, da águia, da rocha, do cavalo, dos números, etc., e começarmos a esmiuçar o exemplo em busca de aplicações que são estranhas à Palavra… Resistamos a essa tentação se quisermos ser fiéis expositores da Palavra. As aplicações feitas pelos escritores bíblicos foram inspiradas; nós não somos; limitemo-nos ao emprego feito na Bíblia. Evita o emprego de alegorias que torcem o texto bíblico.  Opte por uma interpretação que considerava ser a única bíblica, visto que,  – o genuíno significado da Escritura é único, natural e simples”, assim foram grandes pregadores do evangelho.

k)  Não abandone o texto simplesmente porque encontrou dificuldades

Como temos insistido, nem todo sermão aparece de forma tão imediata como gostaríamos. Muitas vezes ele exige grande trabalho até que tenhamos diante de nós as ideias que pretendemos desenvolver. No entanto, é preciso que tenhamos cautela para que ao sinal das primeiras dificuldades na interpretação do texto, o deixemos de lado e saiamos a procura de outro. Quando assim procedemos, estamos criando um hábito que poderá ser-nos extremamente prejudicial, visto que criaremos em nossa prática um círculo vicioso de acomodação, buscando sempre um caminho que nos pareça mais fácil.

O que fazer então? O texto está difícil? Há dificuldade na sua tradução e interpretação?… continuemos a lê-lo; analisemos o seu contexto, busquemos ajuda em comentários bíblicos, examinemos outras traduções, etc. Contudo, sem dúvida, é possível que depois de tudo isso ainda não fiquemos satisfeitos com as conclusões, que não tenhamos assimilado satisfatoriamente o assunto. Bem, nesse caso, podemos deixar o texto de lado momentaneamente, para voltarmos a ele, quem sabe, na semana seguinte ou no próximo mês.

Devemos evitar dois extremos: o primeiro é o de fugir das dificuldades textuais; o segundo é o de pregar um sermão do qual ainda não estamos persuadidos, pelo simples fato de não termos a paciência e prudência de deixar que o texto amadureça em nossas mentes. Neste caso, podemos perder uma grande ocasião de apresentar uma mensagem consistente e grandemente edificante a nós e à igreja.

l) Não faça um tratado teológico a partir do texto

Há uma tentação por demais perigosa, de querermos dizer tudo o que as Escrituras nos ensinam de um assunto a partir de um texto. A pretensão de esgotar o assunto em um sermão além de ser impossível e de pouco proveito para os ouvintes, ocasiona, via de regra, o precoce esgotamento do material pesquisado. Em breve não saberíamos mais o que pregar; tenderíamos a ficar repetindo coisas que foram ditas em momentos nos quais aquelas ideias não eram fundamentais. O caminho a ser seguindo, é o de explorar o que o texto nos diz sobre aquele assunto e, ilustrá-lo com outras passagens bíblicas, demonstrando que aquela verdade expressa na passagem pode ser vista em outras partes das Escrituras. Se for o caso, em outra ocasião poderemos voltar a falar sobre aquele tema, partindo de outro texto que nos ensine outros aspectos daquela doutrina bíblica.

charles spurgeon

No que concerne à relação da estrutura do sermão com o texto, o sermão pode ser classificado como: Temático, Textual e Expositivo.

1) Sermão Temático ou Tópico

O tema é extraído de um texto e as divisões de outros. Assim, a sua ideia central é decorrente do texto lido; no entanto, a argumentação é buscada em outros textos bíblicos.

Sermão temático é a exposição de uma questão ou tema bíblico, sem seguir as linhas de um texto específico, mas o conjunto de ensino ou doutrina encontrado na Bíblia sobre esse assunto. Uma vez determinado o assunto sobre o qual o pregador deseja falar, ele escolherá uma porção bíblica apropriado à mensagem, e é preferível que tenha também o seu texto, a partir do qual procederá ao desenvolvimento do sermão; mas esse texto formará a base, não o esqueleto do sermão.

Suponha que o pregador queira falar sobre a necessidade de evangelizar e formule o tema sugestivo de: “Por que pregamos o Evangelho”.

Você pode tomar Marcos 16:16 “Quem crer e for batizado será salvo; quem, porém, não crer será condenado”, ou Romanos 1:16 “Pois não me envergonho do evangelho, porque é o poder de Deus para a salvação de todo aquele que crê, primeiro do judeu e também do grego”; como seu texto, mas não vai se ater a esses versículos, embora ele usará um deles como texto e o citará mais de uma vez em apoio à sua tese, mas você será capaz de formular o esboço tópico neste formulário.

Exemplo:

TEXTO: Eclesiastes 12:1

TEMA: O JOVEM NOS DIAS DE HOJE

• É influenciado pela Tecnologia Moderna.

• É influenciado pelas Filosofias Modernas.

• É influenciado pela Religiosidade Moderna.

Exemplo:

TEXTO: 2 Tessalonicenses 5:17

TEMA: ORAI SEM CESSAR

  • O significado da Oração.
  • o É dependência do Homem para com Deus
  • o É sintonia entre o Homem para com Deus.
  • o É adoração do Homem a Deus.
  • Os motivos da oração.
  • o A oração por si mesmo.
  • o A oração pelas necessidades espirituais da Igreja.
  • o A oração pelos enfermos.
  • o A oração pelos incrédulos.
  • As possibilidades da Oração.
  • o É possível em qualquer lugar.
  • o É possível a qualquer hora.
  • o É possível a qualquer pessoa.
2) Sermão Textual

Enquanto o sermão temático tem as suas divisões voltadas para o tema, o sermão textual tem tanto o tema quanto as suas divisões voltadas para o texto. No sermão temático divide-se o tema, no sermão textual divide-se o texto.

Também é aquele cuja estrutura corresponde à ordem das partes do texto. O tema e as divisões estão no texto ou são derivados dele. Neste caso o texto utilizado é pequeno, não devendo ultrapassar 4 versículos. Aqui, o texto é que controla todos os pontos a serem tratados no sermão.

Exemplo:

TEXTO: Romanos 8:13

TEMA: A CARNE E O ESPÍRITO

• Um alerta divino: Se viverdes segundo a carne.

• Um desastre certo: Certamente morrereis.

• Um apelo divino: Se pelo Espírito mortificardes as obras do corpo.

• Um resultado glorioso: Certamente vivereis.

TEXTO: 1 Pedro 2:9

TEMA: O QUE OS CRISTÃOS SÃO DIANTE DE DEUS?

• Raça eleita.

• Sacerdócio real.

• Nação santa.

• Povo de propriedade exclusiva de Deus.

3) Sermão Expositivo

Para podermos distinguir a diferença entre o sermão textual e o expositivo tem que primeiro saber defini-los. O sermão textual é aquele em que as divisões derivam de uma breve porção bíblica, enquanto que o sermão expositivo provém de uma porção mais ou menos extensa da Bíblia. É uma exposição completa de um trecho bíblico.

É aquele em que tema e as divisões são extraídos de um texto que tenha mais de quatro versículos. Basicamente o que o distingue do sermão textual é a extensão do texto bíblico utilizado. Este tipo de sermão padece de muita confusão. Alguns pregadores pensam que pregar expositivamente significa comentar todo o texto lido, como se estivesse fazendo um comentário bíblico, catalogando fatos, versículo após versículo. Certamente, um sermão é mais do que apenas esclarecer palavras e versos.

Todo sermão deve ter um elemento agregador, que é o tema, o qual deve ser extraído do texto e, a partir daí, as palavras e versos, ganham relevância a partir da conexão com o assunto tratado. Os elementos do texto devem ser agrupados a partir do tema, formando uma mensagem, um quadro único e objetivo. Um sermão não é um comentário bíblico, por mais exegético e edificante que este possa ser.

Deve ser enfatizado também, que a pregação expositiva não consiste simplesmente num exame de um texto, isolando-o da Escritura. Lembremo-nos sempre que toda a Escritura é inspirada por Deus, sendo ela toda a verdade revelada de Deus para nós, em todas as épocas e contextos. Portanto, a pregação expositiva, como toda pregação genuinamente bíblica, deve estar sintonizada com todas as partes das Escrituras, formando um todo harmônico, procedente de Deus para o Seu povo.

Este método foi usado pelos apóstolos que, baseando-se no Antigo Testamento interpretavam o texto e aplicavam às necessidades de seus ouvintes. Historicamente este foi o método preferencialmente usado pela maioria dos Pais da Igreja e pelos Reformadores.

O antigo e experiente professor de Homilética no Seminário de Princeton, conclui de forma desafiante: “Quase todos os ministros, que tenham tentado o método expositivo durante alguns anos, acabam por acreditar nele de todo o coração. Esse método é eficaz!”.

Exemplo:

TEXTO: João 17:1-26

TEMA: A ORAÇÃO SACERDOTAL DE CRISTO

• Os motivos da Oração por si próprio.

  • O Pedido de Glorificação (v. 1,5).
  • O Reconhecimento de Sua Autoridade (v. 2)
  • A definição de Vida Eterna (v. 3).
  • A missão Cumprida (v. 4).

• Os motivos da Oração pelos discípulos.

  • Os discípulos eram vidas que lhe pertenciam (v. 6).
  • Os discípulos eram conhecedores da Palavra (v. 8).
  • Os discípulos creram no Filho de Deus (v. 8).
  • A proteção amorosa e divina (v. 11).

Os discípulos não eram do mundo (v. 14).

  • O Ódio do mundo contra os discípulos (v. 14).
  • A santificação dos discípulos (v. 17-19).
  • Os futuros discípulos (v. 20).
  • A união dos discípulos com Deus (v. 21-23).
  • Um lugar garantido na glória (v. 24).
  • A continuação da Obra (v. 26).

Falando o sermão tem duas partes: O Tema e a argumentação.

  1. Introdução ou Exórdio:
  2. Explicação ou Narração:
  3. Tema ou Proposição:
  4. Argumentação, Divisão ou Demonstração
  5. Conclusão ou Peroração

1.    INTRODUÇÃO

A introdução é a porta de ingresso ao assunto que o pregador vai tratar.

Objetivos da Introdução:

A introdução visa despertar a atenção, o interesse e a simpatia.

a) A Atenção: A atenção significa a direção ou a concentração da mente num objeto. As primeiras palavras são fundamentais.

b) O Interesse: O interesse alimenta a atenção. A introdução está voltada para prender a atenção do auditório através da apresentação da relevância do assunto; algo que se mostre digno de ser ouvido.

c)  Simpatia: Como o sermão é proferido através de uma personalidade, é relevante conquistar a simpatia do auditório na introdução. Qualquer afetamento ou atitude pretensiosa, além de inadequado, poderá criar um clima de antipatia por parte dos ouvintes, o que o impedirá de ouvir o sermão.

Tipos de Introdução
  1.           Direta: É aquela cujo conteúdo está relacionado diretamente com o assunto do sermão.
  2.           Indireta: É aquela cujo conteúdo tem apenas uma relação indireta com o assunto do sermão.
  3.           Abrupta: É aquela em que o pregador passa diretamente a tratar do assunto escolhido.
Requisitos da Introdução

a) Deve Ser Pertinente: A introdução deve estar ligada ao assunto. Devemos evitar aquelas introduções que são usadas para todo e qualquer sermão, mediante um simples toque.

b) Deve Ter Uma Ideia Dominante: A introdução conduz diretamente ao tema; ela é a porta de entrada ao assunto.

Aristóteles (384-322 aC), na Antigüidade, já orientava: “Nos discursos como nos poemas épicos, os exórdios dão uma indicação do assunto para que o ouvinte seja informado da questão tratada e para que seu pensamento não fique em suspenso, visto que o que é indeterminado faz vaguear o espírito.”194

c)  Deve Ser Breve: O exórdio muito longo pode criar na Congregação um desalento pelo fato do pregador não entrar logo no assunto. Como alguém já disse: Podemos passar tanto tempo colocando a mesa, que deixemos a impressão de que não haverá jantar. A porta de entrada não pode ser maior do que a casa; além disso, não devemos nos descuidar da proporcionalidade.

d) Deve ser Elaborada com Esmero: Por ser a porta de entrada, é fundamental o esmero em sua elaboração e transmissão. Introduções descuidadas pode já, de início, distrair o ouvinte; portanto, muito cuidado ao elaborá-la. Por outro lado, na introdução não devemos prometer mais do que podemos ou vamos oferecer. De nada adiantaria uma introdução belíssima, com toques de requintes literários e poéticos se, na realidade, o sermão é pobre e desprovido desses recursos.

e) Deve Ser Proferida com Simplicidade: Qualquer palavra que o pregador use que gere no auditório a ideia de que está querendo se exaltar, ou mesmo, que ele manifesta tal comportamento através de uma humildade forjada, tem um efeito negativo. Por isso, a introdução deve ser proferida de forma simples; contudo, com um conteúdo relevante.

f) Deve Ser Proferida com Calma: É natural que o pregador chegue diante do seu auditório ansioso por transmitir a mensagem que lhe custou tantos esforços e que está sendo tão relevante para a sua vida. Todavia, este entusiasmo ainda não é o do auditório; ele terá que ser contagiado por esta verdade que o pregador quer transmitir; no entanto isto obedece um processo lógico: identificação da verdade e depois praticá-la. O que quero dizer é que na introdução do sermão, a congregação por certo já tem ideia do que você vai falar, visto que as leituras, hinos e orações foram dirigidos para aquele ponto, contudo não partilham do seu conhecimento do assunto e consequentemente da sua emoção; por isso, a introdução deve ser proferida com calma, não com morosidade ou  falta de disposição, dosando o ritmo da apresentação, conduzindo o auditório degrau após degrau até que tornemos comum a todos o mesmo sentimento.

2. A NARRAÇÃO OU EXPLICAÇÃO

A narração tem como propósito tornar mais claro o texto lido, evidenciando deste modo a procedência da sua mensagem. A narração depende de um estudo criterioso do texto e do contexto, de uma boa exegese, bons dicionários bíblicos e comentários, como se fosse defender uma tese, muito empenho.

Tipos de Narração

Considerando que a narração visa tornar mais claro o texto lido no que concerne as expressões empregadas, contexto histórico do destinatário e remetente, podemos classificar a narração da seguinte forma:

a) Explicação de Termos: É aquela que consiste na explicação de palavras que apresentem, à primeira vista, um sentido obscuro, ambíguo ou, que tenham um sentido bíblico peculiar, bem diferente do de hoje, como por exemplo, as expressões: “Marcas” (Gl 6.17); “Cruz” (Gl 6.14); “Mundo” (Jo 3.16; 1Jo 2.15); “Babilônia” (1Pe 5.13), etc.

É sempre bom lembrar que neste processo a pregação não deverá se deter na exposição do processo de exegese que o permitiu chegar a determinada explicação; antes, deve ser o mais objetivo possível para que não disperse a atenção dos ouvintes. Apresentamos a mesa posta, não as panelas que serviram para a elaboração do jantar.

b) Exposição do Contexto Histórico: Consiste em esclarecer a ocasião e as circunstâncias em que o texto lido foi escrito ou, a relação da mensagem proferida com a situação dos destinatários.

c)  Paráfrase: Consiste em recontar o texto lido através de uma paráfrase, que facilite a maior apreensão do assunto. Seria interpretar um texto com palavras próprias, mantendo seu sentido original

É necessário lembrar que nenhum destes tipos é engessado, vedado. Eles podem ser usados em conjunto, aliás, se alguém for fazer uma paráfrase do texto, dificilmente não terá de explicar o contexto histórico e explicar palavras obscuras e ambíguas.

O Que Deve Ser Evitado

a) Ser Muito Extenso: A narração é apenas uma parte do sermão, por isso se nos demorarmos demasiadamente aqui cansaremos o auditório para a mensagem propriamente dita.

b) Ser Muito Detalhada: Basta que usemos apenas o que for essencial à explicação do assunto que vamos tratar; a narração deve sempre estar subordinada ao objetivo do sermão. Há pregadores que gastam muito tempo aqui, justamente por quererem usar todo o material que leram, sem fazer uma seleção do que é relevante para este sermão. Se gastarmos todo o material agora, amanhã se formos pregar um outro sermão no mesmo texto, teremos de repetir tudo de novo, visto não entendermos bem o que de fato era relevante para esta e aquela mensagem.

Insistimos: Aqui temos que ter cuidado para não explorar excessivamente este material, pretendendo dizer tudo que lemos a respeito do assunto. É necessário habilidade para selecionar do que foi aprendido a respeito do tema, e, utilizar apenas o que for relevante para o presente sermão. Não precisamos dizer tudo a respeito do contexto de uma Epístola, por exemplo, só porque lemos muito a respeito do assunto e nos empolgamos com a variedade de detalhes. Saibamos usar bem o material de que dispomos. O resto, ainda que de extrema importância e curiosidade, poderá servir em outra ocasião, noutro sermão ou estudo, em que aquele material acumulado possa ser fundamental para melhor entender o texto analisado.

c)  Ser Muito Enfático: Na narração não se está defendendo nenhuma tese especial; apenas contando o fato e o significado do fato; daí que a excessiva veemência poderá ocasionar um desgaste desnecessário das energias, sendo que ainda estamos introduzindo o sermão.

3) TEMA OU PROPOSIÇÃO

O tema ou proposição é o assunto sobre o qual você vai falar ou a tese que vai ser defendida.

Definição de Tema

A introdução visou conduzir-nos até aqui. No tema, encontramos o sermão sintetizado, o qual será analisado através das divisões. Vejamos algumas definições de proposição: …proposição é um conceito central na filosofia da linguagem e campos relacionados, muitas vezes caracterizado como o principal portador da verdade ou falsidade. As proposições também são frequentemente caracterizadas como sendo o tipo de coisa que as sentenças declarativas denotam. A proposição deve ser de fácil compreensão, proporcionando nos ouvintes ideias claras e definidas a respeito do assunto.

“Proposição é uma declaração simples do assunto que o pregador se propõe apresentar, desenvolver, provar ou explicar. É aquela oração afirmativa que contém a substância do discurso.” (BLACKWOOD, A Preparação de Sermões, p. 132)

Diferença Entre Título e Tema

Todo sermão deve ter um título e um tema: O título indica o assunto; o tema é a proposição que vai ser tratada ou demonstrada. O título, via de regra é mais geral do que o tema, visto que este procura esclarecer o que vai ser demonstrado. O título pode ser uma forma de chamariz; o tema é de fato o assunto a ser tratado.

Valor do Tema

a) Unidade: O tema é que dá unidade ao sermão; por isso, é necessário que o tema envolva e englobe as divisões. Uma proposição mal feita acarreta uma desorganização no sermão.

b) Ponto: O tema é o ponto de referência que determina a matéria a ser selecionada.

c)  Estabelece uma Meta: O tema oferece uma rota sobre a qual o pregador percorrerá, mantendo desperto o auditório para segui-la em companhia do pregador; daí a importância de se dar o destaque necessário ao tema para que os ouvintes saibam sobre o que o pregador vai falar.

d) Facilita a Compreensão: O tema possibilita uma maior assimilação e retenção da mensagem proclamada.

Forma

a) Fidelidade Textual: A proposição deve ser elaborada de tal forma que seja inevitável. O tema deve ser algo que decorra do texto com muita clareza; não deve ser algo forçado. Lembremo-nos de que o tema é o assunto sobre o qual vamos falar.

b) Clareza: Além da fidelidade ao texto lido, o tema deve ser claro, exato e breve. O grande pregador metodista John H. Jowett (1863-1923), resume:

“Estou convicto de que nenhum sermão está pronto para ser pregado, nem pronto para ser publicado, enquanto não nos for possível expressar o seu tema numa breve e fecunda sentença, tão clara como cristal. Para mim, a conquista de tal sentença é o mais difícil, exigente e frutuoso trabalho no meu gabinete. (…) Segundo o meu modo de ver, nenhum sermão devia ser pregado, nem mesmo escrito, enquanto a sentença expressiva não emergisse, clara e lúcida como o luar sem nuvens.”

c)  Uma Ideia Principal: Se a proposição tiver mais de uma ideia principal, ela não dará unidade ao sermão, antes destrói a sua unidade estrutural.

d) Ser Preferencialmente Afirmativo: O tema deve ressaltar, de preferência, o que é positivo, uma verdade que desejamos ensinar. No entanto, em alguns casos, podemos constituí-lo a partir de uma interrogação ou negação. Outra possibilidade, é tomar parte do texto lido como tema, tais como: “Eis que estou convosco todos os dias…”, “Eles não são do mundo…”, “Fica conosco…”.

O Que Evitar

a) O Tema não deve ter um número excessivo de Palavras: O tema deve facilitar a memorização do assunto tratado no sermão; se ele for muito extenso, dificultará a sua assimilação.

b) O Menor Número de palavras não deve servir de desculpa para um tema demasiadamente abrangente: O tema não deve prometer mais do que podemos dar. Um sermão que tenha como tema: “Graça”, “Pecado” ou “Amor” é excessivamente geral para que possamos analisá-lo num sermão. Agora, se falamos de: “A Graça redentiva de Deus”, “O Amor Perdoador”, “As consequências do Pecado”, estaremos delimitando o nosso tempo, tendo condições de expô-lo satisfatoriamente.

Resumindo: Um tema não deve ter um alcance exagerado, senão estaremos correndo o risco de prometer o que não podemos nem pretendemos dar.

É bom recordar um princípio da Lógica Formal: Toda ideia tem compreensão e extensão determinadas, variando, porém, em ordem inversa, isto é, a medida que a compreensão de uma ideia aumenta, a sua extensão diminui e vice-versa, daí a lei: A compreensão de uma ideia está na ordem inversa de sua extensão. Uma ideia será mais geral à medida que possuir mais notas significativas, isolando-a aos poucos de seu grupo, chegando até a individualizá-la. Deste modo, quanto mais extenso for o nosso tema, menos compreensivo ele será.

Esta é a parte que constitui o corpo do sermão, na qual vamos tratar do tema enunciado. Analisemos os preceitos da argumentação.

Preceitos Quanto à Matéria

a) Biblicidade: Os argumentos devem ser extraídos da Bíblia, daí a necessidade de selecionar os textos bíblicos visto que a qualidade é mais importante que a quantidade.

b) Brevidade: Os argumentos devem ser expostos de tal forma que demonstre aquilo que o tema se propõe a fazer; por certo há outros elementos importantes naqueles argumentos, todavia se isto não for essencial ao objetivo do sermão, poderá ser guardado para uma outra ocasião. Um outro aspecto a ser destacado aqui, é que a demora excessiva num determinado ponto, tende a cansar o auditório, prejudicando a sua apreensão.

c) Conclusivo: Os argumentos devem ser elaborados de tal forma, que apresente o assunto de forma conclusiva, não cabendo resposta ao que foi apresentado.

d) Instrutivo: Os argumentos devem ser instrutivos. O argumento profilático é de suma importância para que haja uma assimilação natural e uma rejeição ao erro. A forma agressiva e polêmica tende a estabelecer um clima de defensivo e de resistência ao ensino, dificultando a apreensão da verdade. Parece-nos que a melhor forma de ensinar é mostrar enfaticamente o correto.

Preceitos Quanto à Forma

As divisões devem estar claras em nossa mente, se não, é melhor deixar este sermão para depois, retomá-lo em outra ocasião.

a) Os Argumentos devem Ser Reduzidos em Número: Usualmente três; entretanto, não há nada que obrigue a ser assim.

b) Devem Ser Distintas: Cada uma precisa ser realmente um novo argumento e não apenas a repetição sob uma forma diferente.

c)  Devem Ser Naturais: Os argumentos ou divisões devem estar claramente no texto escolhido; devem derivar-se naturalmente. “Nunca forcemos uma divisão. E nem se adicione alguma divisão meramente tendo em vista completar o conceito que tivermos em mente, ou a fim de nos conformarmos à prática usual. As divisões devem ser naturais, e aparentemente inevitáveis.” LLOYD-JONES, Pregação & Pregadores , p. 150-151.

d) Devem Ser Coordenadas: Além de relacionada com a proposição, precisam estar relacionadas entre si.

e) Devem Ser Germinantes: Convém que uma conduza facilmente a outra, como acontece com as partes de um telescópio.203

f)  Devem Ser Completas: Isto se consegue mediante uma demonstração completa, ou uma análise satisfatória do assunto.

CONCLUSÃO

A conclusão é a parte final do sermão que inclui o objetivo proposto; é aqui que o pregador conduz o ouvinte a fazer a vontade do Senhor; portanto o pregador quando prepara o seu sermão deve saber aonde quer chegar.

Espécies

a) Apelo Direto: O orador dirige-se individualmente aos ouvintes. Cuidado com esse método, pois muitos pregadores impunham suas palavras a outrem a fim de se elevar diante dos ouvintes.

b) Aplicação Prática: O pregador aplica a verdade pregada, sem se dirigir a nenhum ouvinte em particular.

Em todo caso a última parte do sermão tem que responder à pergunta que o ouvinte fará no seu íntimo: “À luz desta mensagem, que quer o Senhor que eu faça?”   Exemplo de aplicação prática em Mt 7.24-27 (Os dois fundamentos).

c)  Recapitulação: O pregador recapitula o que disse, fazendo um sumário: “Portanto, se um sermão necessitar de recapitulação façamo-la, mas seguida de algo que leve o ouvinte à ação. Nunca se deve terminar com um sumário recapitulativo.”

d) Verdade em Contraste: Apresentar o aspecto positivo que a Palavra de Deus nos ensina. “Se a mensagem falou da tragédia de Caim e da sua maneira de ver a vida, em termos da nossa própria época, a parte final pode mostrar o contraste entre o espírito de Caim e a cruz de Cristo.”

e) Implicações Conclusivas: Esta é um misto no qual se recapitula parte do que foi falado, destacando algumas aplicações práticas, desafiando o ouvinte a uma postura diante do que foi tratado. Esta é uma forma ainda que não a tenha encontrado em outros autores.

Preceitos

a) A Conclusão Deve Ser Natural e Apropriada: A conclusão deve estar de acordo com o que dissemos no sermão; ela deve seguir natural e logicamente o que dissemos. A conclusão é o “acabamento” do sermão, por isso, cuidado para não estragarmos o conteúdo devido a uma conclusão inapropriada: Ex: Colocar azulejo na sala; banheiro na cozinha…

b) Ser Breve: Assim como na introdução. Na conclusão a brevidade é importante. Há pregadores que não sabem concluir e equivalem a um cachorro que antes de deitar dá várias voltas. A conclusão longa pode criar um sentimento de mal-estar, dando a impressão que o pregador não sabe concluir o que começou.

c) Geralmente Acentuar o Positivo: Você poderá pregar sobre o salário do pecado; as consequências da desobediência, etc. Entretanto, a conclusão deve ser geralmente positiva, abrindo a janela da esperança em Cristo. No entanto, há exceções; em especial, quando o pregador quer levar o auditório a condenar com ele o pecado deles todos.

d) Deve Ser Viva e Enérgica: É preciso que haja uma dosagem de energia no decorrer do sermão para que possamos chegar ao final com uma bandeira, não um lenço ensopado. Se o pregador quer mesmo que o sermão tenha efeito vitalizante e eficaz, precisa terminá-lo de maneira forte e incisiva (Js 24.14-16; Mt 7.24-27).

e) Não Peça Desculpas: Evite pedir desculpas. Você prega como arauto de Deus consciente do que vai falar ao povo de Deus. Uma desculpa, às vezes causa má impressão.

f) Evite Anedotas: O pregador não está no púlpito para distrair ou divertir; ele está apresentando a mensagem redentora de Deus aos homens. Ainda que seja cabível uma história com alguma graça no início ou mesmo no decorrer do sermão, na conclusão esta prática torna-se inadequada.

g) Evite acrescentar algo novo impulsivamente: Se o pregador se preparou em espírito de oração, deve seguir o plano que elaborou. O improviso pode ser uma armadilha destruidora de tudo aquilo que construímos durante o sermão.

h) Nada Faça que distraia o auditório: Deve centralizar a atenção, não distrair: Folhear a Bíblia, pegar o hinário, olhar o hinário…

i)  Não Use a mesma espécie de conclusão todos os domingos: Só porque gostamos de um tipo de conclusão, não quer dizer que devemos usá-la domingo após domingo.

1. Leia muitas vezes o texto.

2. Reproduza o texto com as suas próprias palavras.

3. Observe os contextos imediato e remoto.

4. Pesquise a circunstância histórico-cultural.

5. Anote particularidades.

6. Faça o esboço.

7. Faça um brainstorm

8. Selecione Ilustrações.

9. Determine uma conclusão especifica ao assunto proposto

Ilustrações

Podemos extrair ilustrações da história, ciência, experiências do cotidiano, etc. Entretanto, o pregador não deve transformar-se um mero contador de estórias. As ilustrações não devem de maneira nenhuma, por mais interessantes que sejam, substituir a Palavra de Deus. Não se deve, em hipótese nenhuma, ocupar o tempo todo da mensagem com ilustrações. Se o pregador vai dividir o seu sermão em três tópicos, e costuma usar

O Estudo da Bíblia

Bíblia é o Manual do Pregador, o pregador deve amar a Palavra de Deus (Sl 119:97) e saber que ela é a verdadeira espada do Espírito (Ef 6:17). Foi usando a Palavra, que Jesus venceu o tentador (Mt 4:1-11). É a Palavra de Deus que garante a prosperidade em todas as coisas (Sl 1:2,3).

Aos que têm dificuldade em ler ou estudar a Bíblia:

• Leia alguma coisa todos os dias.

• Defina um plano de leitura.

• Marque sua Bíblia.

• Memorize alguns versículos.

• Pratique a Oração.

A Tarefa do Ministro

O pregador é um ministro da Palavra de Deus. Sua tarefa fundamental é ministrar a verdade de Deus (Lc 1:2; Atos 1:8; 1 Tm 5:17; 2 Tm 2:2; 4:2; 1 Pe 5:1).

O Servo de Cristo do Novo testamento não era livre para pregar conforme lhe aprouvesse, mas era obrigado a pregar a verdade do Cristianismo, pregar a palavra de Deus, e ser testemunha do evangelho (2 Pe 1: 21 ).

1. A Pregação Expositiva começa com determinada passagem e investiga-a, empregando o processo que temos rotulado de análises Histórico-Cultural,

Contextual, Léxico-Sintática, Teológica e Literária. Seu enfoque primário é uma exposição do que Deus tencionava dizer nessa passagem. Levando a uma aplicação desse significado na vida dos cristãos de nossos dias.

2. Sermonar começa com uma idéia na mente do pregador – um problema social ou político, mas pertinente, ou uma introspecção teológica ou psicológica – e amplia esta ideia num sermão. Como parte do processo, acrescenta-se textos bíblicos aplicáveis, à medida que vêm à mente ou conforme encontrados com o auxílio de recursos de estudo. O enfoque básico deste método é a elaboração de uma ideia humana em formas coerentes com o ensino geral da Bíblia nessa área.

3. A Pregação Tópica começa pela seleção de um tópico relacionado com a Escritura de uma forma ou de outra (temas bíblicos, doutrinas, personagens da Bíblia).

• Se o sermão é preparado pela seleção de passagens bíblicas pertinentes e pelo desenvolvimento de um esboço baseado em exposição dessas passagens, esta pregação poderia denominar-se Tópico-Expositivo.

• Se o esboço do sermão se desenvolve mediante ideias que vêm à mente do pregador e em seguida são corroboradas pela ligação com um versículo bíblico pertinente, poderíamos dar a esta pregação o título de Tópico-Sermonal.

A maioria dos sermões pregados hoje em dia parece ser da variedade Tópico-Sermonal ou Sermonal. Se a proporção da Pregação Expositiva para a Sermonal serve de indicação, a maioria das escolas de Teologia parece não estar preparando seus alunos nas técnicas necessárias á Pregação Expositiva como uma alternativa para o Sermonar.

O Preparo da Mensagem

Uma boa mensagem é objetiva desde o começo até o fim, ou seja, um bom sermão obedece a um tema desde a introdução até a conclusão. Todo pregador que se preza não sobe no púlpito sem um pedaço de papel com suas anotações para serem lembradas no momento certo. Neste papel deve constar toda a divisão do sermão, ao qual chamamos de esboço.

Significados das Palavras

Em sua maioria, as palavras que sobrevivem por longo tempo numa língua, adquirem muitas denotações (significados específicos) e conotações (implicações complementares). As palavras ou frases podem ter denotações vulgares e também técnicas. As denotações literais podem, finalmente, conduzir a denotações metafóricas. As palavras também possuem conotações, significados emocionais implícitos, não declarados explicitamente.

A. Como Descobrir Denotações. Por exemplo, duas palavras gregas que significam amor (Agapaoe, Phileo), de fato têm significados diferentes (João 21:15-7); contudo, de quando em quando parecem ter sido usadas como sinônimos (Mt 23:6; 10:37; Lc 11:43; 20:46). Também se forçarmos as palavras em todas as suas denotações, cedo estaremos produzindo exegese herética. Por exemplo, a palavra grega “sarx” pode significar “a parte sólida do corpo excetuando-se os ossos” (1Co 15:39), a substância global do corpo (At 2:26), a natureza sensual do homem (Cl 2:18), a natureza humana dominada por desejos pecaminosos (Rm 7:19). Embora esta seja apenas uma lista parcial de suas denotações, podemos ver que se todos esses significados fossem aplicados a palavra conforme se encontra em João 6:53, onde Cristo fala sobre sua própria carne, o intérprete estaria atribuindo pecado a Cristo. A palavra grega Moranthei, registrada em Mt 5:13, pode significar: “tornar-se tolo ou tornar-se insípido”. Neste caso o sujeito da sentença é sal, e assim, a segunda denotação (se o sal vier a ser insípido) é escolhida como a correta. A poesia hebraica, caracteriza- se por paralelismo.

O Paralelismo Hebraico pode classificar-se em três tipos básicos: Sinonímico,

Antitético e Sintético

1. No Paralelismo Sinonímico, a segunda linha de uma estrofe repete o conteúdo da primeira, mas com palavras diferentes Ex.: Salmo (103:10). “Não nos trata segundo os nossos pecados, nem nos retribui consoante as nossas iniquidades”.

3. No Paralelismo Sintético a segunda linha vai mais longe ou completa a ideia da primeira. O Salmo 14:2 È um exemplo: “Do céu olha o Senhor para os filhos dos homens, para ver se há quem entenda, se há quem busque a Deus.

Análise  Teológica

1. Determinar sua própria perspectiva da natureza do relacionamento de Deus com o homem.

2. Apontar a implicações desta perspectiva para a passagem que você estáestudando.

3. Avaliar a extensão do conhecimento teológico disponível às pessoas daquele tempo.

4. Determinar o significado que a passagem possuía para seus primitivos destinatários à luz do conhecimento que tinham.

5. Indicar o conhecimento complementar acerca deste tópico que hoje temos disponível por causa de revelação posterior.

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